Você pode não ter prestado atenção, mas a criptografia está presente em grande parte da nossa vida virtual. Seja em aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram, seja em informações importantes no uso de aplicativos de bancos online. Essa tecnologia garante a segurança e a privacidade dos conteúdos.
Mais do que isso, o uso da criptografia se expande diariamente, e vemos aplicações em assinaturas, moedas digitais e até em obras de arte. Mas como tudo isso funciona? De onde partiu essa tecnologia? E como você pode usá-la ao seu favor? É isso que iremos responder em seguida. Vamos lá?
O que é criptografia?
A criptografia é uma forma de cifrar uma mensagem, ou seja, esconder o seu real conteúdo por meio de um código. Esse nome vem da junção de duas palavras gregas: “kryptós”, que significa “oculto”, e “gráphein”, que significa “escrever”.
Portanto, a criptografia é uma forma de transmitir informações de forma oculta, e geralmente uma chave ou padrão de leitura são necessários para decifrar a mensagem.
Durante toda a história, essa técnica foi serviu para dificultar a interceptação de mensagens, especialmente as que continham assuntos militares sigilosos.
Na Roma Antiga, há mais de 2 mil anos, o imperador Júlio César ficou famoso ao criar um tipo novo de codificação, que ficou conhecida como Cifra de César. Ela consistia em trocar as letras do alfabeto por outras, em um padrão predefinido, que gerava mensagens sem sentido para quem não havia entendido o código.
Muitos séculos depois, durante a Segunda Guerra Mundial, nazistas alemães criaram uma máquina capaz de gerar trilhões de combinações diferentes para esconder suas ordens militares, conhecida como Enigma.
Com o esforço de dezenas de matemáticos ingleses, franceses e poloneses, os aliados conseguiram criar uma máquina eletromecânica capaz de decifrar os códigos alemães, conhecida como The Bombe.
Por isso, ao pensar em criptografia, é importante entender o fato de que ela está presente há muito tempo na humanidade, e que as aplicações atuais são formas mais complexas e digitais de se esconder um conteúdo, mas com o mesmo objetivo.
O que é a criptografia de dados?
Chegando nos dias atuais, a interação online criou um fluxo de dados gigantesco entre os bilhões de usuários da internet. Pense em quantas mensagens são trocadas diariamente nas redes sociais e sites da web, é muito complicado manter esses dados privados e com segurança, não é mesmo?
Por isso, a criptografia de dados surgiu para que as empresas pudessem garantir que seus usuários não tivessem dados roubados, senhas hackeadas e computadores invadidos, mas que ao mesmo tempo pudessem desfrutar de uma experiência online sem complicações.
Ela consiste em transformar um texto legível, como este que você está vendo, em um código cifrado e incompreensível para terceiros. Só consegue ter acesso ao conteúdo original aqueles que possuem uma chave específica.
Ou seja, quando você manda uma mensagem para seu amigo no WhatsApp, somente vocês dois, que têm essa chave, conseguem ter acesso ao conteúdo original. Pessoas de fora que queiram acessar esse conteúdo vão se deparar com um conjunto de códigos, formado por letras, números e outros caracteres, absolutamente ilegível para quem não possui a chave.
É isso que garante a segurança e a privacidade de dados trocados pela internet, e quanto mais complexa for a chave, mais segura é a criptografia. Isso funciona também para senhas salvas em um site ou dispositivo, evitando ataques de hackers.
Os tipos de criptografia
Apesar de terem um mesmo propósito, existem formas diferentes de se criptografar dados. As duas mais comuns envolvem o uso de chaves simétricas e assimétricas. Vamos entender cada um deles de forma detalhada.
1. Chave Simétrica ou Privada
Esse tipo de criptografia usa duas chaves iguais, tanto na hora da codificação, quanto na hora da decodificação.
É um método rápido e prático de se proteger mensagens, e funciona especialmente em sistemas fechados e para usuários individuais. Por usar apenas uma chave, é menos segura do que o método assimétrico, mas ganha em velocidade e praticidade.
Exemplo: pense em uma chave de um armário compartilhada por dois amigos. É um sistema prático, mas, caso um terceiro intercepte essa chave, existem menos etapas de segurança.
2. Chave Assimétrica ou Público-privada
Esse método utiliza duas chaves diferentes, uma pública e outra privada, mas que contam com um vínculo matemático.
A chave privada fica em segredo dentro do dispositivo do usuário, e enquanto isso, todos os usuários desse sistema possuem a chave pública.
Portanto, a chave privada é quem vai decodificar as informações que foram cifradas a partir da chave pública. É a melhor opção para sistemas abertos, pois tem uma segurança extra ao usar duas chaves diferentes.
Exemplo: pense em um cofre de banco em que pessoas podem colocar objetos pela parte de fora, mas só quem tem acesso ao interior é o dono da chave privada. É um sistema mais lento e complexo, mas que aumenta a privacidade.
Os algoritmos de criptografia
Além dos tipos diferentes de chave, existem algoritmos diferentes para cifrar um conteúdo. Cada um deles tem uma proposta e uma aplicação prática, e conforme alguns sistemas vão se tornando obsoletos e pouco seguros, novos projetos e linguagens surgem constantemente.
Conheça, a seguir, quais são os principais.
Criptografia DES
Esse tipo de criptografia usa chaves simétricas, mas já se tornou obsoleto. Foi usado durante bastante tempo, porém tornou-se pouco seguro para os dias atuais. Sua sigla vem de Data Encryption Standard (DES).
Criptografia 3DES
Sucessor do DES, o 3DES também usa chaves simétricas, mas dessa vez tem um processo um pouco mais elaborado.
Muito similar ao seu antecessor, mas agora o processo passa 3 vezes pelo algoritmo DES, e não apenas uma. Isso o torna mais seguro que o DES, mas ainda não o suficiente, por isso, apesar de ser bastante aplicado, o 3DES vem sendo substituído gradualmente.
Criptografia AES
É o algoritmo utilizado por serviços de mensagens, como o WhatsApp, e programas de compactação, como o WinZip. Sua sigla significa Advanced Encryption Standard (AES), e é uma forma muito mais avançada de uso de chaves simétricas.
Para se ter uma ideia, o AES consegue usar chaves criptográficas de 128, 192 e 256 bits para criptografar e descriptografar dados em blocos de 128 bits, muito além de seus antecessores.
Criptografia RSA
A sigla RSA significa Rivest, Shamir e Adleman, e corresponde ao nome dos matemáticos que desenvolveram o algoritmo.
Foi o primeiro tipo de criptografia de chave assimétrica amplamente disponibilizado no mercado. É bastante utilizado até hoje, o que faz que ele seja muito visado por hackers para encontrar possíveis falhas.
Funções de Hash
Além do tradicional sistema de chaves, hoje é possível encontrar sistemas que usam funções de hash para criptografar dados.
Muito usado nas blockchains, essas funções são capazes de pegar códigos com comprimentos variados e transformar em dados de comprimento fixo, geralmente entre 128 a 256 bits.
Assim, hashes agem como impressões digitais para um conjunto de dados, já que não podem ser transformados no conteúdo original e, por esse motivo, não pode ser considerado uma criptografia. Isso cria limitações, mas também um alto nível de segurança para informações “menores”, como para encriptar de senhas de usuários, por exemplo.
Os principais benefícios da criptografia
1. Confiabilidade
Usar códigos criptografados aumenta a segurança de dados na internet, dessa forma, os aplicativos, sites e sistemas se tornam mais confiáveis para os usuários, além de causar menos problemas para as empresas.
Mesmo que possam haver custos adicionais para utilizar criptografias, é um investimento que vale a pena para empreendedores, já que o aumento na confiança gera credibilidade e melhora a imagem da marca.
2. Preservação de dados
A criptografia garante que as informações sejam entregues de forma integral, sem alterações durante o caminho. Isso faz que os processos sejam mais confiáveis, transparentes e eficientes, algo fundamental no mundo digital.
3. Uso da nuvem
O armazenamento em nuvem é uma realidade em grande parte das empresas. Ela facilita muito os processos, deixando arquivos acessíveis em ambiente virtual e permitindo que as pessoas trabalhem de casa mais facilmente.
Para que isso ocorra de forma adequada, o papel da criptografia é garantir a segurança dos dados que estão sendo enviados para lá.
4. Proteção de dispositivos
Além da nuvem, os dispositivos físicos precisam de segurança e privacidade, seja ele um computador, seja um celular, seja um tablet. Afinal, o descuido com eles pode comprometer dados importantes da empresa, criando uma dor de cabeça enorme e problemas de segurança.
Por isso, usar a criptografia se torna essencial tanto no armazenamento digital quanto no físico.
Criptomoedas, NFTs e assinaturas digitais
As aplicações da criptografia são cada vez mais diversas, podendo garantir a segurança de assinaturas eletrônicas, moedas digitais e até mesmo a autenticidade de obras de arte. As principais aplicações da criptografia são:
Criptomoedas
Tendo como seu principal expoente o bitcoin, as criptomoedas utilizam algoritmos para criar um conjunto de dados impossíveis de copiar e rastrear.
Tudo isso é registrado em uma grande lista, conhecida como blockchain, e armazenado em carteiras virtuais.
Com a ideia de libertar as pessoas do dinheiro tradicional, existem milhares de protocolos disponíveis para serem utilizados, todos com a tecnologia cripto envolvida.
NFTs
NFT é a sigla em inglês para non-fungible token, que significa token não fungível. São bens não substituíveis que passam por um processo de autenticação por meio da tecnologia de criptografia.
Isso faz que músicas, obras de arte e itens digitais não possam ser replicados com a mesma autenticação, criando uma nova forma de garantir a originalidade.
Apesar de ainda ter seu uso contestado, já é possível ver a aplicação dessa tecnologia em ingressos para eventos e em jogos eletrônicos que utilizam mercados internos com itens digitais, por exemplo.
Assinaturas digitais
Outro uso muito importante da tecnologia de criptografia é gerar assinaturas digitais. Afinal, como é possível que o banco saiba que aquela assinatura é sua? Alguém pode copiar isso facilmente?
Não com a criptografia. O Digital Signature Standard (DSS) é um sistema que lê a chave pública gerada no processo da assinatura, enquanto o Digital Signature Algorithm (DSA) gera a chave privada para o usuário, configurando assim uma chave assimétrica.
As funções hash também são muito usadas para essa finalidade. A partir disso, é possível criar uma autenticação mais fiel do que a própria assinatura feita à caneta.
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